Fonte: Portal da Clube
Suas charges de retratação do falar regional viraram febre de compartilhamento nas redes sociais, no entanto, poucos conhecem o grande cartunista Joaquim Monteiro. O autor do livro 'Dê Gaitadas a Folote com o Piauiês', coletânea de charges que humorizam o modo de dizer do piauiense, é o entrevistado especial do Portal da Clube deste domingo (19).
Formado em Educação Artística pela Universidade Federal do Piauí, com licenciatura em artes plásticas e especialização em História da Arte e Arquitetura, Joaquim atualmente leciona Artes na rede pública estadual do Piaui e municipal de Teresina, além de ministrar o curso de Desenho Artístico no Senac, e de ser diretor de comunicação do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Teresina (Sindserm).
Sobre quando surgiu o interesse pela mundo dos cartuns, o artista revela que começou a desenhar profissionalmente durante o curso de Artes e que anteriormente a atividade era vista somente como hobby. "Na década de 90 que eu comecei a levar com mais seriedade e a partir de 2005, passei a publicar os meus desenhos na internet, com o blog. Inclusive tive alguns trabalhos apresentados fora do estado, como no Rio Grande do Norte", lembra.
"Os meus cartoons e minhas charges expressam exatamente o que eu penso, minha opção política de esquerda", disse.
Cartoon - é todo e qualquer desenho de humor
Charge - é um cartoon com uma carga que debate um tema histórico, que pode ser político, esportivo, mas ele trata desse tema de forma crítica. Como ele tem essa carga histórica, ele é um instrumento didático, algumas charges minhas já foram utilizadas em vestibulares ou por professores em sala de aula.
Em sala de aula, os cartoon e a charges os alunos aprendem a fazer os desenhos, a estudar as expressões e psicologia humana.
O Piauiês
Desde 2006, as charges com o Piauiês vinham sendo postadas no blog do cartunista, intitulado de "Cartunage" (abreviação de cartum charge), mas somente no ano passado é que surgiu a ideia de publicar a coletânea em um livro.
Para o autor, o Piauiês é uma espécie de catalogação do falar e não um resgate, já que este não encontra-se perdido ou morto, e que o fato dele ser tratado na forma de humor contribue para uma maior aceitação por parte do público.
"Na verdade a linguagem do humor é uma linguagem bastante lúdica e as pessoas acabam achando legal. Porque o falar de cada região é interessante e junto com o humor as pessoas se empolgam, eu já vi gente até de fora do estado, algumas já me falaram que levaram para fora do país, como a Europa", ressalta.
De acordo com Joaquim Monteiro, o 'Piauiês' cria uma oportunidade para os piauienses que estão longe terem um contato com falar nosso. "Você que vai para fora do estado, por exemplo, não é só o falar do piauiense, mas do nordestino, ele é visto de forma pejorativa, as pessoas ficam 'mangando', como nós dissemos aqui, e muitos deixam de falar o 'Piauiês', o seu sotaque, por vergonha. E na verdade esse livro tem humor, não é pra tratar de forma pejorativa, mas de forma engraçada e a maior parte das pessoas entendem essa forma positiva", completa.
Da relação público e arte, ele declara que a maior emoção para um artista é ver a sua obra tendo um feedback. "Um cara que escreve um livro é interessante para todos aqueles que lêem, demonstrem interesse. Para um humorista, o melhor retorno é ver o outro sorrindo e é bem gratificante e isso inspira a gente a produzir ainda mais".
Artistas e mercado piauiense
Você já deve ter ouvido a seguinte frase: "O nordestino gosta de rir da própria desgraça". Ela foi citada pelo autor do Piauiês durante a entrevista, para destacar a grande quantidade de artistas piauienses.
Para ele, a dificuldade inspira as pessoas. No caso do nordestino, ele a transforma em humor, apesar de viver em uma região esquecida pelo resto do Brasil, este é por si só uma figura extremamente engraçada, que gosta de fazer tanto humor cênico como gráfico.
"Eu acho que a gente merece até um estudo, porque se o Ceará se notabiliza pelos humoristas, o Piauí tem uma escola de cartunistas. Nós temos desenhistas renomados como: Izânio, JA, Moisés, além de outros que não são conhecidos, mas são também talentosos, e eu que já dei aula de cartuns, a gente ver todo dia surgindo novos cartunistas", comenta Joaquim.
Segundo o cartunista, o crescente número de artistas devem-se ao Salão Internacional de Humor do Piauí, que tem como proposta a de levar essa linguagem regional para a população. "Durante esses mais de 20 anos, o salão nos ajudou não somente a formar um público consumidor, como também, uma escola de artistas. O grande problema na verdade é o mercado de trabalho, apesar da gente ter cerca de 100 cartunistas de talento, muitos deles vão até está condenados a falta de emprego", frisa.
Entre os veículos apontados como campo de trabalho para esses artistas estão os meios de comunicação, especialmente os jornais. Contudo, Joaquim Monteiro lembra que há pouca produção destes meios aqui no estado e mesmo os já existentes, o espaço dado é pequeno. Com tal realidade, muitos cartunistas piauienses renomados saem do estado ou até chegam a mudar de profissão. "Temos artistas que hoje trabalham com publicidade, como Paulo Moura, Gabriel Arcanjo, porque não tem mercado de trabalho, mas aqui e acolá nós vamos carvando esse espaço e esse público".
Outro problema levantado pelo desenhista é a falta de apoio do empresariado nas manifestações artísticas. Como ele mesmo define "a cultura no Brasil tem dificuldade", já que os empresários pensam no núcleo imediato e preferem não investirem em algo que lhe trará lucro daqui a 10 anos ou não tenha retorno aparente. "É mais fácil para eles financiar alguém que tenha um apelo mais direto, que esteja em volga. Em país mais desenvolvidos isso é até uma forma da empresa ter uma destaque comercial e vincular o nome dela a cultura, a artistas e espetáculos", comenta.
De acordo o autor, o problema é algo a ser superado e que a batalha é tentar mudar a mentalidade do empresário. Apesar das leis, como a A. Tito Filho, de incentivo a cultura, muitos artistas conseguem aprovação de projetos e quando vão buscar as empresas para financiamento, para terem os benefícios fiscais da lei, a maioria do empresariado mesmo assim não quer investir.
Em busca de novos campos de trabalho, aqueles que não conseguem espaço na grande mídia acabam encontrando na internet esse local. Através dela, os cartunistas têm a possibilidade de publicar num blog pessoal ou nas próprias redes sociais suas obras, além de contratos, eles também ganham o reconhecimento. Joaquim lembra que foi através desse meio que seus cartuns, charges e caricaturas tiveram divulgação e com a ajuda das redes sociais ele foi ganhando popularidade, um trabalho que apareceu pequeno, hoje ganha uma certa proporção.
"No período que comecei a publicar na internet, comecei a conhecer vários artistas de outros estados. Um dos mais importantes e conhecidos em todo o Brasil, que inclusive gosta do meu trabalho, o Edra - do Salão de Humor de Caratinga. Inclusive em um dos livros desse cartunista há uma caricatura dele feita por mim, que ele mesmo me pediu e lá na Casa, onde o Edra é diretor, tem uma caricatura minha do Ziraldo. Tive a oportunidade também de conhecer o Nildo, um dos grandes do Piauí, Neto Potiguara, do Rio Grande do Norte, que até realizou uma exposição em Natal e chegou a colocar obras minhas", informa.
Contatos
Para os interessados em conhecer outras obras do cartunista Joaquim Monteiro, basta acessar o cartunage.blogspot.com. Já o livro 'Dê Gaitadas a Folote com o Piauiês' está a venda nas principais livrarias da capital ou entrando em contato com o próprio artista no número 9452-3087ou no e-mail joaquimcartuns@hotmail.com.
Formado em Educação Artística pela Universidade Federal do Piauí, com licenciatura em artes plásticas e especialização em História da Arte e Arquitetura, Joaquim atualmente leciona Artes na rede pública estadual do Piaui e municipal de Teresina, além de ministrar o curso de Desenho Artístico no Senac, e de ser diretor de comunicação do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Teresina (Sindserm).
Sobre quando surgiu o interesse pela mundo dos cartuns, o artista revela que começou a desenhar profissionalmente durante o curso de Artes e que anteriormente a atividade era vista somente como hobby. "Na década de 90 que eu comecei a levar com mais seriedade e a partir de 2005, passei a publicar os meus desenhos na internet, com o blog. Inclusive tive alguns trabalhos apresentados fora do estado, como no Rio Grande do Norte", lembra.
"Os meus cartoons e minhas charges expressam exatamente o que eu penso, minha opção política de esquerda", disse.
Cartoon - é todo e qualquer desenho de humor
Charge - é um cartoon com uma carga que debate um tema histórico, que pode ser político, esportivo, mas ele trata desse tema de forma crítica. Como ele tem essa carga histórica, ele é um instrumento didático, algumas charges minhas já foram utilizadas em vestibulares ou por professores em sala de aula.
Em sala de aula, os cartoon e a charges os alunos aprendem a fazer os desenhos, a estudar as expressões e psicologia humana.
O Piauiês
Desde 2006, as charges com o Piauiês vinham sendo postadas no blog do cartunista, intitulado de "Cartunage" (abreviação de cartum charge), mas somente no ano passado é que surgiu a ideia de publicar a coletânea em um livro.
Para o autor, o Piauiês é uma espécie de catalogação do falar e não um resgate, já que este não encontra-se perdido ou morto, e que o fato dele ser tratado na forma de humor contribue para uma maior aceitação por parte do público.
"Na verdade a linguagem do humor é uma linguagem bastante lúdica e as pessoas acabam achando legal. Porque o falar de cada região é interessante e junto com o humor as pessoas se empolgam, eu já vi gente até de fora do estado, algumas já me falaram que levaram para fora do país, como a Europa", ressalta.
De acordo com Joaquim Monteiro, o 'Piauiês' cria uma oportunidade para os piauienses que estão longe terem um contato com falar nosso. "Você que vai para fora do estado, por exemplo, não é só o falar do piauiense, mas do nordestino, ele é visto de forma pejorativa, as pessoas ficam 'mangando', como nós dissemos aqui, e muitos deixam de falar o 'Piauiês', o seu sotaque, por vergonha. E na verdade esse livro tem humor, não é pra tratar de forma pejorativa, mas de forma engraçada e a maior parte das pessoas entendem essa forma positiva", completa.
Da relação público e arte, ele declara que a maior emoção para um artista é ver a sua obra tendo um feedback. "Um cara que escreve um livro é interessante para todos aqueles que lêem, demonstrem interesse. Para um humorista, o melhor retorno é ver o outro sorrindo e é bem gratificante e isso inspira a gente a produzir ainda mais".
Artistas e mercado piauiense
Você já deve ter ouvido a seguinte frase: "O nordestino gosta de rir da própria desgraça". Ela foi citada pelo autor do Piauiês durante a entrevista, para destacar a grande quantidade de artistas piauienses.
Para ele, a dificuldade inspira as pessoas. No caso do nordestino, ele a transforma em humor, apesar de viver em uma região esquecida pelo resto do Brasil, este é por si só uma figura extremamente engraçada, que gosta de fazer tanto humor cênico como gráfico.
"Eu acho que a gente merece até um estudo, porque se o Ceará se notabiliza pelos humoristas, o Piauí tem uma escola de cartunistas. Nós temos desenhistas renomados como: Izânio, JA, Moisés, além de outros que não são conhecidos, mas são também talentosos, e eu que já dei aula de cartuns, a gente ver todo dia surgindo novos cartunistas", comenta Joaquim.
Segundo o cartunista, o crescente número de artistas devem-se ao Salão Internacional de Humor do Piauí, que tem como proposta a de levar essa linguagem regional para a população. "Durante esses mais de 20 anos, o salão nos ajudou não somente a formar um público consumidor, como também, uma escola de artistas. O grande problema na verdade é o mercado de trabalho, apesar da gente ter cerca de 100 cartunistas de talento, muitos deles vão até está condenados a falta de emprego", frisa.
Entre os veículos apontados como campo de trabalho para esses artistas estão os meios de comunicação, especialmente os jornais. Contudo, Joaquim Monteiro lembra que há pouca produção destes meios aqui no estado e mesmo os já existentes, o espaço dado é pequeno. Com tal realidade, muitos cartunistas piauienses renomados saem do estado ou até chegam a mudar de profissão. "Temos artistas que hoje trabalham com publicidade, como Paulo Moura, Gabriel Arcanjo, porque não tem mercado de trabalho, mas aqui e acolá nós vamos carvando esse espaço e esse público".
Outro problema levantado pelo desenhista é a falta de apoio do empresariado nas manifestações artísticas. Como ele mesmo define "a cultura no Brasil tem dificuldade", já que os empresários pensam no núcleo imediato e preferem não investirem em algo que lhe trará lucro daqui a 10 anos ou não tenha retorno aparente. "É mais fácil para eles financiar alguém que tenha um apelo mais direto, que esteja em volga. Em país mais desenvolvidos isso é até uma forma da empresa ter uma destaque comercial e vincular o nome dela a cultura, a artistas e espetáculos", comenta.
De acordo o autor, o problema é algo a ser superado e que a batalha é tentar mudar a mentalidade do empresário. Apesar das leis, como a A. Tito Filho, de incentivo a cultura, muitos artistas conseguem aprovação de projetos e quando vão buscar as empresas para financiamento, para terem os benefícios fiscais da lei, a maioria do empresariado mesmo assim não quer investir.
Em busca de novos campos de trabalho, aqueles que não conseguem espaço na grande mídia acabam encontrando na internet esse local. Através dela, os cartunistas têm a possibilidade de publicar num blog pessoal ou nas próprias redes sociais suas obras, além de contratos, eles também ganham o reconhecimento. Joaquim lembra que foi através desse meio que seus cartuns, charges e caricaturas tiveram divulgação e com a ajuda das redes sociais ele foi ganhando popularidade, um trabalho que apareceu pequeno, hoje ganha uma certa proporção.
"No período que comecei a publicar na internet, comecei a conhecer vários artistas de outros estados. Um dos mais importantes e conhecidos em todo o Brasil, que inclusive gosta do meu trabalho, o Edra - do Salão de Humor de Caratinga. Inclusive em um dos livros desse cartunista há uma caricatura dele feita por mim, que ele mesmo me pediu e lá na Casa, onde o Edra é diretor, tem uma caricatura minha do Ziraldo. Tive a oportunidade também de conhecer o Nildo, um dos grandes do Piauí, Neto Potiguara, do Rio Grande do Norte, que até realizou uma exposição em Natal e chegou a colocar obras minhas", informa.
Contatos
Para os interessados em conhecer outras obras do cartunista Joaquim Monteiro, basta acessar o cartunage.blogspot.com. Já o livro 'Dê Gaitadas a Folote com o Piauiês' está a venda nas principais livrarias da capital ou entrando em contato com o próprio artista no número 9452-3087ou no e-mail joaquimcartuns@hotmail.com.
Fonte: Portal da Clube
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